VENCER O INIMIGO, CRÔNICA EM TEMPO DE PANDEMIA...
Mais uma segunda feira
amanheceu silenciosa. O burburinho tímido do domingo inquieto ficou para trás. Da
para ouvir o rebuliço dos pássaros a se misturarem em sua variedade de sons
alegres, como a dizerem que a manhã é tão somente deles, e saem numa sinfonia
entre o coqueiro, a goiabeira, o abacateiro e até mesmo a palmeira.
Mas como um intruso, um
cachorro próximo a essa festa singular, insiste em latir como alegoria debandada
em quebra do ritmo construído. Porém, ele logo se cala, sente que o silêncio é mais
importante.
Nem mesmo o farfalhar das árvores
se conjugou para quebrar a quietude que está sendo banhada pelo sol virtuoso.
As crianças certamente ainda
dormem, pois a manhã um pouco fria, como um convite a ficar debaixo dos
cobertores. Ainda não se escuta seus gritos, risos, grunhidos, já que a escola
está solitária à espera deles, nem se sabe quando, então permanecem em casa,
para alegria ou desespero dos pais.
As ruas vazias. Onde estão
todos? Ao ocaso?
Entrincheirados? Foram
sucumbidos?
Nem todos. Muitos foram à
luta. A vida continua.
Outros se recolhem ao medo
que gera o silêncio, como que se falar desperta o inimigo adormecido, espalha o
pavor.
Há muita insegurança?
De quem se aproximar?
Como conviver com o
invisível, aquele que não se sabe onde está, que age nas vidas frágeis, que não
podem se afastar, no momento em que tudo que se pede é um abraço, mas ganha
apenas um aceno, porque agora é proibido sorrir, rir, gargalhar, pois esses
verbos também estão no isolamento.
Pela imprudência, a ignorância de tantos, o
inimigo invisível invade sorrateiramente e ataca sem piedade. Alguns saem
ilesos, outros pagam com a vida. Ainda não era tempo da vida se esvair.
Estamos mascarados, devemos
permanecer assim, deixe apenas os olhos, as mãos falarem, contudo, vença o
inimigo oculto.
Quantos silêncios tem
ocorrido sem mesmo o tempo de um adeus, uma despedida merecida, um abraço...
Não, nada, simplesmente nada...
No entanto, é dessa ausência é que se deve tirar tempo para uma reflexão profunda da nossa essência, refletir sobre esse acontecimento inesperado em nossa era:
A COVID 19. QUE
MARCOU TODA UMA GERAÇÃO.
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